E se fosse na sua empresa?
Corre nas redes sociais e na grande imprensa um vídeo que mostra um segurança abordando um cliente que comprou um prato de comida para um menor em um shopping de Salvador. Um jovem de pouco mais de trinta anos, compadecido com a situação de um menino de dez, vendedor de balas, resolve oferecer um almoço para a criança. Ao chegar na praça de alimentação encontra a truculência de um segurança que tenta a todo custo expulsar o garoto do shopping. Um fato corriqueiro que, infelizmente, poderia passar despercebido há 20 anos, ganha justa relevância e repercussão nos tempos atuais.
Negros, gays, pessoas com deficiência, jovens de periferia não se sentem mais intimidados e exigem em lojas, restaurantes e hotéis um tratamento igual àquele oferecido a antiga elite brasileira. Se essa frase lhe soou apocalíptica ou esquerdista é preciso refletir urgentemente sobre o futuro de sua empresa ou trajetória profissional.
A palavra diversidade e o respeito às populações minorizadas ( diferentemente de minorias, já que mulheres e negros são maioria no Brasil) toca inclusive consumidores que não fazem dos grupos. Um hotel, um destino, um restaurante que não souber se posicionar como receptivo, acolhedor e respeitoso das diferenças não terá vida longa, graças, sobretudo, a uma nova geração, que a revista Época intitulou ultrajovens.
A pouca empatia de turistas do mundo inteiro para com o Campeonato Mundial neste ano tem menos a ver com a distância e preços e mais com a imagem de país corrupto, violento, autoritário e ultraconservador que a Rússia carrega.
Após exterminar muitos cães e gatos de rua para fazer “bonito” junto aos turistas, inúmeros europeus e americanos cancelaram suas reservas. Outros sequer pensaram em cotar uma viagem a um país que desrespeita minorias e financia o conflito da Síria.
Hoje não basta parecer ético e bacana. É preciso ser. Greenwashing, pinkwashing ou new-washing não tem vez mais vez.
Em épocas de crise, o primeiro corte que as empresas fazem é com treinamento. E aí que mora o problema. Seguranças, recepcionistas, vendedores e garçons mal selecionados ou treinados criam crises que nenhum RP consegue- ou quer- resolver.
Em tempo, o segurança foi afastado, o shopping center é alvo de protestos e boicotes e o menino passa bem.